quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Valores

Hoje deixo que falem por mim.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

A Cura de Schopenhauer


A Cura de Schopenhauer, do mesmo autor de "Quando Nietzsche chorou" - Irvin Yalom, é embriagante. No decorrer da leitura somos colocados na intriga que se adensa.

Um grupo de pessoas junta-se semanalmente para 90 minutos de terapia em grupo: Stuart, Gill, Bonnie, Rebecca, Tony, Pam, Julius e Philip. Divino é, talvez, o adjectivo que melhor se aplica para classificar esta viagem pelo mundo da psicoterapia e da orientação filosófica. Quatro dos personagens acima referidos têm um brilho especial: Julius, terapeuta do grupo, descobre que tem um melanoma e que tem pouco mais de um ano de vida pela frente; Philip, seu antigo paciente, sofre de um obsessão sexual que consegue tratar graças às leituras de Schopenhauer; Pam tem dificuldades nos relacionamentos e apresenta-se como uma juíza implacável; Tony, esteve preso por diversas vezes, é rude nos modos, mas mudará e surpreenderá pela evolução ao longo da trama.

Para adensar o apetite: "Seriam as conclusões pessimistas de Schopenhauer sobre a condição humana tão insuportáveis que ele acabou por mergulhar na depressão? Ou foi o contrário: era tão infeliz que acabou por concluir que a vida é um facto triste que nem devia ter ocorrido? Ciente desse enigma, ele lembrou-nos (e a si mesmo) que a emoção tem o poder de toldar e falsificar o conhecimento: o mundo assume um aspecto sorridente quando temos motivos para nos alegrar e um ar sombrio quando pesa sobre nós a tristeza."

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Adriana II


As lágrimas estão tatuadas sobre este teclado mais uma vez. Escrevo a conta-gotas, ainda impedida de ver com clareza o que redijo. Mal desliguei o telemóvel, sentei-me em frente ao computador e deixei discorrer o que alma, trôpega, continha. A minha amiga Adriana está agora em casa, proibida de exercer a sua profissão durante mais um mês, no entanto, e porque os resultados dos exames voltaram a dar positivo, avizinha-se um período difícil e que, de acordo, com os médicos, se poderá prolongar pelos próximos meses. O mais provável é ela já não regressar à empresa em que trabalha durante este ano. Hoje, a alma viu-se mais enegrecida do que habitual, quando tive de enfrentar o nosso grupo de camaradagem e transmitir a mensagem de ausência de um pilar fundamental durante um período indeterminável. Em uníssono disseram “não podemos crer!” Ficamos ali, calados, cabisbaixos, sem saber do que falar, o que dizer, como nos apoiarmos. Foram seguindo para casa um a um, até ficarem numa sala, onde só as cadeiras nos faziam companhia, eu e o Bragança. O Bragança, aquele que se apresenta sempre muito forte, risonho, brincalhão e que se deixou quedar como uma criança que soluça sem mais. Percebi, naquele momento, que construímos um grupo de amigos, aqui, longe de casa, inigualável, indizível, na verdadeira acepção da palavra. “Estou triste, Carla, sinto o coração apertado pela Adriana e temo pela filhota dela.” Creio que bloqueei naquele instante. E inacreditavelmente comecei a dizer os maiores disparates de que há memória, a tal ponto que o choro deu lugar a risos incontidos. O Bragança pegou no filhote e arrancou para casa, eu aguardei pela saída de outra colega e no caminho de casa não abri a boca. Entrei num processo de indagação. Adriana sorri e vai dizendo que, agora que outros sabem, temem a aproximação daqueles que com ela privavam. “E isso é que custa, sabes?” diz-me ela. Não posso negar que não tenha já assistido a situações destas e que ao facto respondo, eu e os restantes amigos da Adriana, que “não há perigo de contágio porque fizemos os testes”. Claro que esta nossa afirmação contém uma ironia subtil e a troca de olhares entre nós teme pelo estigma que tu, Adriana deves estar a passar em silêncio.
Aguardo que o telemóvel toque e me digas: estou de regresso! Pegar no carro e ir aos “Homes” tomar um café e ficar ali em amena cavaqueira, por pouco tempo, mas com toda a nossa disponibilidade, sem as máscaras que temos de vestir durante o dia de trabalho. Soltar asneiradas, rir em voz alta, sermos nós mesmas em todo o nosso esplendor. A última vez que estivemos todos juntos, efectivamente, foi na noite de passagem de ano, eu, tu, o Araj, o teu “doce” e a tua menina. Depois disso o grupo dos compinchas de trabalho, amigos afinal, juntaram-se apenas no dia em que soubeste o que tinhas…
De nós – Bragança, Gigi, Sofia e eu (os compichas dos dias de labuta) – para ti:
As melhoras sinceras e a certeza inabalável que estaremos sempre aqui ao alcance de um telefonema e de braços abertos para te receber hoje e sempre. Aproveitamos para te dizer que desejamos poder trilhar muitos caminhos juntos, independemente, dos locais de trabalho que nos esperem (esta é uma forma de dizer que queremos continuar a acreditar que a vida não nos porá sempre a saltar de uma lado para o outro :).

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Sobre a entrevista de José Sócrates

Estive a ver atentamente a entrevista do nosso Senhor Primeiro- Ministro José Sócrates. Uma entrevista que revela um despotismo, claramente encoberto, em que tudo tem vindo a melhorar aos olhos deste senhor, o nosso porta-estandarte, que não vê como nós, a pobreza, cada vez maior em que estamos mergulhados. O crescimento que apelida de francamente notório, não se percebe a olho nu, nem nas carteiras dos portugueses. Uma entrevista que se baseia em comparações de um altruísmo que eu não consigo ver, nem perceber. Andamos há três anos consecutivos a ouvir falar num crescimento que não se nota. De acordo com Sócrates, o desemprego tem vindo a baixar, não obstante, o desemprego em camadas licenciadas tem aumentado. Quando o jornalista o questionou relativamente ao aumento do desemprego da mão de obra qualificada, José Sócrates defendeu-se ao abrigo do “o que se conseguiu foi muito; há hoje mão de manobra e temos um crescimento económico que se notaria se não fosse o défice orçamental.”
Sócrates “garante aos portugueses confiança”, de acordo com o próprio, e “não fosse o problema do défice orçamental teríamos crescido 2,5%”. Um discurso que volta que não volta toca sempre nos mesmos assuntos. Palavras fixadas, um discurso oco, vazio de sentido.
“Nada daria mais gosto a um primeiro ministro do que…” sempre as mesmas falas. “Quero recordar-lhe o seguinte”, “as pessoas não pagam mais, há, isso sim mais pessoas a pagar”, andarei eu porventura a sofrer de amnésia súbita constantemente? Ou terei de facto cada vez menos dinheiro para fazer face às minhas despesas?
Apenas dez minutos desta entrevista, que, foi, essencialmente, um monodiálogo socratiano, e comecei a ficar cansada. Uma irritação abate-se sobre mim. As questões que se lhe colocam são rebatidas com um “não desculpe…desculpe mas…as coisas não são assim…não concordo quando diz…as pessoas sabem que estamos a ir no bom caminho…também não podemos permitir que o estado pague juros a mais…”.
O nosso crescimento assenta, de acordo, com Sócrates nas exportações e o crescimento foi global desde há muitos meses. Em que meses? Quais são, efectivamente os dados desta melhoria? “Estamos perante uma mudança estrutural da nossa economia, e tenho de felicitar os produtores de calçado..” Será isto uma forma de tentar acarinhar os trabalhadores por forma a obter mais votos?
Sócrates tem um discurso cansativo, repetitivo, oco de sentido, uma imagem demasiado gasta pelas politicas e elementos que escolheu para fazerem parte da sua equipa. A massa cinzenta do governo é um ponto em branco. Se alguns há, pouco se vê. A fluência e solidez dos seus discursos são inexistentes. Pouco ou nada de novo nos traz nas questões essenciais.
Numa coisa está certo ao utilizar o verbo “dar”, ora atentemos, “quando os professores dão as notas”, de facto, os professores, neste momento dão notas, já quase não avaliam, dão. E amanhã serão estes os nossos primeiros ministros. “Não há futuro sem escola”, isso é verdade senhor primeiro ministro, mas com politicas destas na área da educação, a afirmação mais correcta será esta: não existirá futuro com escola, como esta que está a construir!
Sócrates tenta combater as classes profissionais que eram mais mal vistas na sociedade, como tentativa de aumentar a sua popularidade? Parece-me que esta minha suspeita terá alguma razão de ser, senão vejamos: atacou os médicos, enfermeiros, professores, forças policiais. E onde entram os políticos, presidentes de Câmara, tribunais, juízes? Serão estas algumas das classes sociais onde não importa tocar? Politicas que se sobrepõem umas às outras numa catadupa, tentando dar um sentido e rumo que começa a desvanecer-se mesmo antes de implementados.

domingo, fevereiro 17, 2008

Adriana


Adriana caminhava cabisbaixa há umas semanas, mal conseguia apertar os sapatos. Acusou febres altas durante 3 dias consecutivos, na ordem dos 39/40 graus. Tinha uma tosse seca desde há alguns meses. Um dia ligou-me às 2 da manhã, desesperada, chorava, e entre soluços dizia-me: "sinto-me inválida, doem-me as costas, vou ao hospital".

Fiquei alerta, não consegui dormir durante toda a noite. Às 6 da manhã o telemóvel voltava a tocar, era ela, sem que pudesse dizer alguma coisa, Adriana disse: "de acordo com o médico estou com uma virose." Não gostei do diagnóstico, pensei para mim. No dia seguinte, Adriana, não conseguia falar, doia-lhe as costas sempre que tentava falar. Disse-me que iria novamente ao hospital. Esta segunda ida, trouxe outra novidade, de acordo com outro médico, tratava-se de uma alteração de indole nervosa... Diagnósticos tão diferentes... Muda-se o médico, muda-se o diagnóstico. Depois de uma semana em casa e sem melhoras visiveis, foi novamente ao hospital, desta feita, o diagnóstico foi uma "inflamação nos brônquios", medicada, voltou para casa. Os dias passavam e a minha amiga Adriana não melhorava. Enervada dirigi-me a casa dela e obriguei-a a ir a um peneumologista. Contra sua vontade, lá foi. Entramos no consultório médico. Quando o médico lhe perguntou porque estava ali, respondeu: "Olhe doutor, eu só estou aqui porque esta minha amiga me chateou. Não tenho motivo para estar aqui, só vim por descargo de consciência." O médico piscou-me o olho e dirigindo-se a ela: "Estará em fase de negação? Que sintomas tinha?"

Adriana, ganhou fôlego e disse: "Tinha doutor já quase não tenho. Tive febres altas. Ao fim da tarde ainda tenho sempre 37/37,5 de febre; perda de peso, mas isto deve ser dos nervos; tosse seca desde há 2 meses, mas isto deve ser constipação; cansaço." Levantando-se da cadeira, o médico, perguntou: "Tem suores noturnos?". Face a uma resposta positiva, o pneumologista disse:" Creio que se trata de uma tuberculose". Feitos os exames, as dúvidas deixaram de fazer sentido. Adriana, ligou-me ao final de uma tarde triste, não que os sol não brilhasse, mas onde as gaivotas cantavam um canto triste, para me segredar: "Amiga vou ser isolada! Faz os testes." Ouvi o canto triste das gaivotas durante horas, fiz os testes todos: radiografia pulmonar, exame de sangue e saliva. Mal soube o resultado dei-lho a conhecer. Não era o temor de ter sido infectada pela doença que me preocupava, incrivelmente, mas sim o peso que sobre ela se abateria se também eu fosse portadora da doença.

O tratamento de Adriana durará seis meses, está em tratamento há um mês, fez novos exame há uma semana, saberá o resultado destes exames terça-feira. Até lá fico a aguardar ansiosamente.

Adriana, para o caso de me leres: sinto a tua falta, mais do que algum dia pensei sentir, apesar da distância física ser uma constante nas nossas vidas, sinto a tua ausência mais dolorosamente do que antes.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Descendo o nível do blog…

Aqui está o esperado há muito tempo...as 5 verdadeiras respostas às 5 perguntas mais importantes do mundo:
Q1. O que são as pequenas saliências a volta do mamilo das mulheres ?
R: É Braille e quer dizer "lambe-me".
Q2. O que é um beijo Australiano?
R: É o mesmo que um french kiss só que ..lá em baixo."
Q3. O que se faz com 365 preservativos usados?
R: Derretem-se, faz-se um pneu e chama-se um Goodyear.
Q4. Porque o nome dos furacões são sempre de mulheres?
A: Porque quando chegam são loucos e molhados..e quando partem..levam carro e casa junto.
Q5. Porque as mulheres esfregam os olhos ao acordar?
A: Porque não têm tomates para coçar.
Agora, já sabes tudo que precisas na vida.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Aqui há dias vi uma notícia em que os agentes da PSP teriam de fazer avaliação na categoria de disparo com uma arma. Para poderem usar arma têm de obter 10 valores.
Perfeitamente de acordo.
Pelo conhecimento que tenho, os candidatos a professores, mesmo aqueles que já leccionam, também terão de fazer uma avaliação por escrito. Para poderem continuar a leccionar terão de obter 14 valores.
Perfeitamente de acordo.

Até porque é menos grave um agente obter 10 valores e com isso ter 50% de hipóteses de acertar no fugitivo ou no transeunte que vai a passar, que um professor obter 13 valores e ser colocado de lado, mesmo que este tenha tirado um curso universitário, tenha feita um estágio pedagógico e tenha pago para trabalhar nos últimos anos, em horários de 8 a 10 horas semanais, nos locais mais recônditos de Portugal.
Dixit

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Com problemas na internet...

Por muito que queira, fico-me pelo quase. Quase que consegui comentar algum post. Mas fiquei-me pelo quase. Quase que consegui colocar aqui um texto, mas também aqui o quase não me deixou ir além...
Num local íngreme, em que o frio de inverno faz bater palminhas e a internet funciona lenta, lentamente... Fica a promessa: para a semana já actualizamos o sitio. Até lá: Fiquem bem e gozem bem o Carnaval :)