sábado, agosto 23, 2008

Safo


Safo é um poetisa grega, nascida entre 608 a 612, antes da nossa era. Pela primeira vez, uma mulher ousa falar sobre os prazeres do amor. A sua ilha é Lesbos. Local onde cria um género de confraria de raparigas, inicando-as na poesia, dança, música e amor. Nesta ilha dá-se inicio ao mito do qual passaram a derivar termos que espelham o amor que une as mulheres.

Nas palavras de Safo:


Parece-me igual aos deuses o homem que, sentado na tua frente, escuta a tua voz suave e o teu riso encantador que enlouquece o meu coração.

Diante de ti, fico sem voz, a minha língua corta-se, a febre queima-me, os meus olhos choram, os meus ouvidos zumbem, toda eu suo, tenho calafrios, sinto medo, creio que vou morrer.

Mas é preciso ousar...

sábado, agosto 16, 2008

Minha terra...


Já lá vai algum tempo desde o meu último post. Tempo não ainda suficiente para dedicar a todos os que fazem parte da minha história de vida. Ainda não desfiz as malas; continuam encaixotadas algumas coisas, outras começam a ser encaixotadas. Estou de malas às costas, outra vez. Vou em direcção ao Alto Minho, vou para junto do verde, das águas cristalinas do rio Vez. Quanto tempo ficarei por este local, não sei. Ficarei, pelo menos um ano, depois logo veremos que paragens me estão reservadas. Há quem diga que Portugal é pequeno, mas não tão pequeno que nos permita fazer as pontes essenciais. Caminho errante há 5 anos, entre Viana do Castelo, Castelo Branco, Covilhã, Viseu, Algarve e agora Arcos de Valdevez. Os Açores e a Madeira não estão fora do horizonte. Não receio a distância, mas quando regresso dos locais por onde passo verifico que perdi muito na vida de cada um... Este mês ando especialmente sensível. A cada passo a lágrima teima em querer correr. Este é o mês em que revejo familiares, amigos emigrados, e os instantes são breves... Na sensibilidade que desponta a cada encontro há coisas de rara beleza, como a que aconteceu hoje. Sai de casa para um passeio em família e fomos percorrer os caminhos íngremes de uma aldeia que muito estimo: Ruivães (Vieira do Minho). Saimos de Vale (lugar da Freguesia e onde tenho casa) e fomos a pé até aos Prados, um terreno de rara beleza, onde os pulmões se enchem de novo fulgor face à beleza que o olhar consegue alcançar. Procuramos, no local, o cemitério antigo, conhecido como o cemitério de S. Cristóvão. Ainda que conheçamos o local, foi tarefa árdua conseguir encontrá-lo, tal é o estado de esquecimento e abandono. As sepulturas estão cobertas de mato, algumas das que ainda se conseguem ver mais ou menos, estão parcialmente destruídas.
A alma que até então sentiu a união perfeita com a natureza, ficou perplexa, triste. Pensou de si para si: tanta beleza, tanta história, quantos segredos terás tu aqui escondidos ( mesmo que os tivessem já descoberto, é património histórico da região) e a capela que aqui existiu em tempos que é feito dela? Comigo seguia um aficcionado de História que ficou boquiaberto com a degradação do sítio, ainda para mais quando há algum tempo atrás se diz ter havido uma pesquisa no local. Não nego a existência desta pesquisa, mas recrimino a forma como as coisas permaneceram ao abandono, como nada se alterou. Do cemitério de S. Critóvão continuam a fazer jus, falando dele, mas para quê falar de um local, cujo interesse parece ficar apenas pelo papel, pelo diz? Que interessa que dele se fale, se aponte a importância do povoado de S. Cristóvão, se façam escavações, se indique a sua localização, se depois, quando chegamos ao local, não vemos mais do que um amontoado de mato, que o encobre. Só quem sabe que ali existiu em tempos um local sagrado e o viu menos abandonado consegue encontrar alguns vestígios dele.
Não venham agora dizer-me que tive uma ilusão óptica, como noutras alturas o fizeram, não me apontem caminhos que não existem. Será que todos nós, que hoje, calcorreamos os trilhos desta localidade sofremos do mesmo mal? Verificamos com agrado melhorias a nível de caminhos perto do local, mas este continua votado ao esquecimento. A desertificação das aldeias circundantes não pode servir de desculpa para tudo, até porque algumas há, ali bem perto, que padecendo do mesmo mal, começaram a dar exemplo do que pode ser feito.
Uma placa a indicar a existência de locais como este já não seria mau (se as há não as vimos). Incomoda-me ver reliquias culturais assim neste estado. Pena que não tenha levado as pilhas da máquina carregadas (é o que dá não verificar as coisas antes de sair de casa) para atestar aquilo que vos digo. Fica a intenção, mais uma vez, de que alguém ao ler estas palavras faça alguma coisa.

Boa semana a todos!