Dita-me a consciência que me afaste da escrita, deste blogue, não porque não continue amar a palavra ou porque me tenha abandonado a sofreguidão de deixar a alma discorrer sobre o teclado. São motivos pessoais e profissionais que me fazem abandoná-lo por tempo indeterminado. Neste momento e ainda que procure manter viva a memória do que sou, não consegui ainda dar os passos necessários para um reencontro, para além de outros factores. Diria que as forças se esgotam sem que nos demos conta, definhamos numa dor, numa tristeza que nos amarra ao silêncio de nós mesmos muitas vezes e por muito que procuremos saídas, respostas, vamos embatendo sempre num muro que parece intransponível. Quedei-me na sorte de me abandonar à mercê de um sentir que vai deixando escapulir as poucas forças que a sustentam. Procurei, até hoje, socorrer-me de mim mesma apenas, para conseguir sair das guerras e vencer os obstáculos. Não busquei ajuda de nehuma especialidade, apesar de verificar que desde há algum tempo a esta parte, me sentia profundamente triste, sem vontade de dirigir palavras às pessoas, cansada, frustrada, esgotada, mas acima de tudo fria, sem projectos, sonhos ou vontade de ir além. De há uma semana para cá verifiquei que perdi peso, sinto repulsa por elogios ou demonstrações de carinho, que me custa dar um beijo ou um abraço. Tenho sentido uma fraqueza pouco habitual, tendências para desmaios e tem-me sido dificil levantar. As alterações de humor vão do silêncio para a explosão quando me chamam. No trabalho não quero ouvir as vozes e em casa fecho-me em mim. Hoje acordei com a sensação de vazio completo, quis lembrar-me do que tinha de fazer e não consegui, sai com uma sensação de levar o mundo nos ombros, entrei e sai triste de casa. Fiz uma viagem de noite e a cabeça parecia estar oca, vazia. Creio que tenho de encetar por outro caminho e procurar em definitivo a ajuda de um profissional. Às vezes pergunto-me o que me terá levado até aqui. Não sei, mas estes últimos anos têm sido marcantes: a perda do meu padrinho, meses depois a perda do meu avô, a crise de uma relação, a perda de um dos meus melhores amigos, o "assédio" de gente com poder, o diagnóstico de uma doença rara, a doença de um amigo, o sofrimento de uma segunda mãe, a inadaptação às mentalidades, a solidão, o não poder ser eu...talvez tenha deixado que tudo se juntasse e talvez isso me tenha feito perder... A verdade é que não sei o porquê, sei que me corrói a tristeza e me abandono na imensidão do não saber quem sou...
Até lá...