segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A classe de um Embaixador...

LEIAM TUDO QUE VALE A PENA


Há dias, um aprendiz de jornalista brasileiro de Porto Alegre,
de seu nome Polibio Braga, publicou a seguinte notícia:
http://www.polibiobraga.com.br/
Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento Há apenas uma semana, em apenas quatro anos, o editor desta página visitou pela quinta vez Lisboa, arrependendo-se pela quarta vez de ter feito isto. Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento. É como visitar a casa de um parente malquisto, invejoso e mal educado. Na sexta e no sábado, dias 24 e 25, Portugal submergiu diante de um dilúvio e mais uma vez mostrou suas mazelas. O País real ficou diante de todos. Portugal é bonito por fora e podre por dentro. O dinheiro que a União Européia alcançou generosamente para que os portugueses saíssem do buraco e alcançassem seus sócios, foi desperdiçado em obras desnecessárias ou suntuosas. Hoje, existe obra demais e dinheiro de menos. O pior de tudo é que foi essa gente que descobriu e colonizou o Brasil. É impossível saber se o pior para os brasileiros foi a herança maldita portuguesa ou a herança maldita católica. Talvez as duas .

Esta Nota mereceu a seguinte resposta do nosso Embaixador:
Brasília, 8 de Dezembro de 2006 Senhor Políbio Braga Um cidadão brasileiro, que faz o favor de ser meu amigo, teve a gentileza de me dar a conhecer uma nota que publicou no seu site, na qual comentava aspectos relativos à sua mais recente visita a Portugal. Trata-se de um texto muito interessante, pelo facto de nele ter a apreciável franqueza de afirmar, com todas as letras, o que pensa de Portugal e dos portugueses. O modo elegante como o faz confere-lhe, aliás, uma singular dignidade literária e até estilística. Mas porque se limita apenas a uma abordagem em linhas muito breves, embora densas e ricas de pensamento, tenho que confessar-lhe que o seu texto fica-nos a saber a pouco. Seria muito curioso se pudesse vir a aprofundar, com maior detalhe, essa sua aberta acrimónia selectiva contra nós. Por isso lhe pergunto: não tem intenção de nos brindar com um artigo mais longo, do género de ensaio didáctico, onde possa dar-se ao cuidado de explanar, com minúcia e profundidade, sobre o que entende ser a listagem de todas as nossas perfídias históricas, das nossas invejazinhas enraizadas, dos inumeráveis defeitos que a sua considerável experiência com a triste realidade lusa lhe deu oportunidade de decantar? Seria um texto onde, por exemplo, poderia deter-se numa temática que, como sabe, é comum a uma conhecida escola de pensamento, que julgo também partilhar: a de que nos caberá, pela imensidão dos tempos, a inapelável culpa histórica no que toca aos resquícios de corrupção, aos vícios de compadrio e nepotismo (veja-se, desde logo, a última parte da Carta de Pêro Vaz de Caminha), que aqui foram instilados, qual vírus crónico, para o qual, nem os cerca de dois séculos, que se sucederam ao regresso da maléfica Corte à fonte geográfica de todos os males, conseguiram ainda erradicar por completo. Permita-me, contudo, uma perplexidade: porquê essa sua insistência e obcecação em visitar um país que tanto lhe desagrada? Pela quinta vez, num espaço de quatro anos ? Terá que reconhecer que parece haver algo de inexoravelmente masoquista nessa sua insistente peregrinação pela terra de um "parente malquisto, invejoso e mal educado". Ainda pensei que pudesse ser a Fé em Nossa Senhora de Fátima o motivo sentimental dessa rotina, como sabe comum a muitos cidadãos brasileiros, mas o final do seu texto, ao referir-se à "herança maldita católica", afasta tal hipótese e remete-o para outras eventuais devoções alternativas. Gostava que soubesse que reconheço e aceito, em absoluto, o seu pleníssimo direito de pensar tão mal de nós, de rejeitar a "herança maldita portuguesa" (na qual, por acaso, se inscreve a Língua que utiliza). Com isso, pode crer, ajuda muito um país, que aliás concede ser "bonito por fora" (valha-nos isso !), a ter a oportunidade de olhar severamente para dentro de si próprio, através da arguta perspectiva crítica de um visitante crónico, quiçá relutante. E porque razão lhe reconheço esse direito ? Porque, de forma egoísta, eu também quero usufruir da possibilidade de viajar, cada vez mais, pelo maravilhoso país que é o Brasil, de admirar esta terra, as suas gentes, na sua diversidade e na riqueza da sua cultura (de múltiplas origens, eu sei). Só que, ao contrário de si, eu tenho a sorte de gostar de andar por onde ando e você tem o lamentável azar de se passear com insistência (vá-se lá saber porquê!), pela triste terra dessa "gente que descobriu e colonizou o Brasil". Em má hora, claro! Da próxima vez que se deslocar a Portugal (porque já vi que é um vício de que não se liberta) espero que possa usufruir de um tempo melhor, sem chuvas e sem um "dilúvio" como o que agora tanto o afectou. E, se acaso se constipou ou engripou com o clima, uma coisa quero desejar-lhe, com a maior sinceridade: cure-se ! Com a retribuída cordialidade do Francisco Seixas da Costa Embaixador de Portugal no Brasil

9 Comments:

At 05 fevereiro, 2007 17:49, Anonymous Anónimo said...

Há embaixadores desta qualidade ou é apenas um pseudónimo ? Não foi este tipo que o PSD atirou pela janela fora da ONU ?

 
At 05 fevereiro, 2007 17:52, Anonymous Anónimo said...

Sinceridade na escrita e resposta à boa maneira portuguesa...

 
At 06 fevereiro, 2007 14:04, Blogger marta r said...

Brilhante resposta!

 
At 06 fevereiro, 2007 14:06, Blogger Lu.a said...

Bem feita!
Grande embaixador!!

Se esse senhor brasileiro não gosta de Portugal, existem muitos outros países por esse mundo fora para ele passear a sua arrogância e a sua pseudo inteligencia!
Quanto à herança cultural...lamentamos,não há nada a fazer, é o karma dos brasileiros!

 
At 07 fevereiro, 2007 11:18, Blogger Luís F said...

A excelente resposta abafa totalmente o infeliz texto do brasileiro...

 
At 08 fevereiro, 2007 09:43, Blogger deep said...

Interessante... e não deixa de ser divertido. O senhor (embaixador) soube responder-lhe à letra e com sentido de humor...
Bom resto de semana.

 
At 08 fevereiro, 2007 13:38, Blogger L said...

Uma resposta socialmente bem retribuída.

Beijo

emn***

 
At 08 fevereiro, 2007 14:02, Anonymous Anónimo said...

provavelmente só por falta de tema o forte candidato a jornaleiro brasileiro escreveu o k escreveu.
a resposta de elevado nivel nao deve estar ao alcance do aprendiz.

 
At 14 fevereiro, 2007 14:55, Blogger Conguitos said...

Aqui está um resposta à boa maneira portuguesa.
Não gposta então explique-se melhor e nao insista

 

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