Fiquei estupefacto, quando hoje ouvi dizer que Luandino Vieira recusara o Prémio Camões 2006, alegando para o facto “razões pessoais, íntimas”.
Que levará um escritor a recusar o maior prémio de literatura existente no seio das “Literatura de Expressão Portuguesa”. A justificação dada soube-me a pouco, a muito pouco… Depois de ouvir José Rodrigues, amigo de Luandino, dizer “há muito que ele cortou, completamente, com o mundo à sua volta” fiquei ainda mais intrigado com as razões que o levaram a tomar tal atitude…
Quando na última sexta-feira fiquei a saber que Luandino tinha ganho o prémio fiquei contente, porque fora feita justiça: antes do 25 de Abril tinha-lhe sido recusado um prémio literário por ser considerado escritor angolano subversivo.
Travei conhecimento com este escritor nas longínquas aulas de Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa do professor “Coelho”. Matei-me para fazer a cadeira, na altura detestava Luandino como detestava Mia Couto, José Craveirinha, entre outros. Finalizado o curso apaixonei-me por Luandino e Mia Couto, encontrei na escrita destes autores uma beleza impar. Amo-os, agora, com tanta força como os odiava em tempos idos.
8 Comments:
Talvez essa recusa tenha mesmo a ver com o passado. Também lamento, mas, sejam quais forem as razões do autor, há que respeitá-las. De qualquer forma, a indicação do seu nme para o prémio já significa, de certo modo, um reconhecimento.
Na faculdade, gostaria que tivessem substituído um dos anos de Lit. Brasileira por Lit. Africanas, porque sinto haver na minha formação lacunas a este nível.
Boa noite. Fica bem.
Não foi o primeiro nem será o último a recusar prémios.
Ainda bem que estudaste estes autores, no meu curso não era por aí, apesar disso como adoro ler e vou de classicos ao mais contemporâneo possivel, já conhecia o Luandino.
Quanto ao Mia Couto, gosto particularmente do seu olhar sobre as coisas e tenho pena que só recentemente tenha ficado mais poupular..
A ver vamos se o público também começa a ler mais (fora dos respéctivos cursos)
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Eu que não conheço o escritor, fico realmente admirada por tamanha atitude, revela uma personalidade forte, ou enfim um grande orgulho, contudo é sempre estranho recusar um prémio destes!
Cá pra mim tenho que o ler!
Afinal quem gosta do Mia, revela muito bom gosto!
E pronto.
Fui!
Amor-Ódio...uma relação intensa! :)
cada um cada um!!!
É mesmo assim.... Quanto mais difícil mais apetitoso se torna.
Tudo na vida é assim.
Jinhos
emn***
Quem sabe a sua recusa não se prenda com o seu próprio modo de vida: a de um Eremita. E face ao sorriso bocólico que lança sempre que tocam neste assunto, não quererá isso dizer que a beleza da escrita vale mais do que 100 mil euros. Em maus lençois fica a nossa ministra da cultura que não sabe o que fazer com o dinheiro que não sai só do bolso do governo português.
Vivendo num convento, Luandino, poderá querer elevar, pela recusa, a importância do dinheiro para outros meios: combater a fome e as doenças. Talvez o título de "vencedor" lhe sirva e cai-lhe bem de facto.
Beijinho
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