quarta-feira, novembro 07, 2007

O erro...


O dia decorria dentro da normalidade, o céu azul e a calma das águas faziam antever um final de tarde a olhar o horizonte. Um sobressalto fez-me erguer do local imageticamente construído onde me encontrava sentada e a respirar a brisa sentida. A tua voz, inigualável, encheu um coração apertado de ânsia, de esperança. A esperança por um regresso, de um si mesmo.
Trémula, receosa, talvez, escutava atentamente cada palavra soletrada, cada momento de respiração. A esperança desapareceu e uma bruma desconhecida toldou o olhar crente.
Longa, a curta conversa! Ainda que não estivesses presente fisicamente conseguia adivinhar todos os teus gestos, o corpo debruçado sobre ti mesma, encerrando um ciclo de vida…
Aquela força da natureza, vencedora, apta a rumar pelos seus sonhos, a lutar pelos seus objectivos desapareceu e esta que hoje escuta e vejo sem ver não passa de uma réstia de outra que não tu.
Voaste e as asas começam a dar sinais de fraqueza, qual voo de Ícaro! No frémito arrebatador, no impensado para nós, conduziste-te para a ponta de um abismo. A linha que te separa do abismo efectivo é ténue, esguia… Um pequeno passo mais e perder-te-ás nele como um grão de areia entre os outros.
Para nós permanecerás, sempre, um ser único, singular, irredutível! E ainda que não concordemos, compreendamos o porquê – mas coisas há que nem o próprio consegue explicar – respeitamos a tua escolha. Hoje, pareceste-me consciente do logro do caminho escolhido, mas não segura o suficiente para o assumires.
Porque as palavras me falharam na hora deixo-tas aqui: o erro é uma ferramenta essencial ao percurso humano, importa, por isso, que olhemos para ele com um olhar atento, aberto, capaz de nos impulsionar para ser mais.

10 Comments:

At 07 novembro, 2007 22:38, Blogger Maria said...

O erro é fundamental para o nosso crescimento...
Lindo este teu texto.

 
At 07 novembro, 2007 22:44, Blogger rute moura said...

quantos erros cometemos ao longo da nossa existência?

 
At 07 novembro, 2007 23:58, Anonymous Anónimo said...

Um orgulho ter tido a oportunidade de aprender e crescer consigo. Mais ainda por ter conseguido chegar até aqui e verificar que não foram em vão as palavras. A sua força é mesmo algo que ultrapassa o supérfluo. Uma oradora nata, justa, atenta, uma profissional de valor sem fim. Se ouvi-la é um prazer, ler o que escreve faz sonhar, sentir-me feliz e grata por me ter trazido até aqui. O texto é brilhante! Obrigada, mais uma vez, e se estou na Universidade é só e sabe que não minto, por si. Quem melhor para dispensar as suas horas fora do trabalho para apoiar os seus alunos para exame nacional? quem mais para ter conseguido que tivesses aquelas notas? É de pessoas assim que precisamos.
Obrigada, do fundo do meu coraçaozinho, obrigada!
Nês

 
At 08 novembro, 2007 13:42, Blogger Aragana said...

O que interessa, sempre, é valorizar as coisas boas e aprender com o erros!

Bjs

 
At 08 novembro, 2007 15:53, Anonymous Anónimo said...

Sabes...ao ler-te visualizei "locais" onde a carapuça servia na perfeição. Os erros fazem realmente parte mas as vezes custa ver comete-los com leviandade e nada poder fazer:)

 
At 08 novembro, 2007 21:01, Blogger Alien David Sousa said...

Quem nunca errou não viveu. È tão banal como verdadeiro.
Kisses

 
At 08 novembro, 2007 22:51, Anonymous Anónimo said...

Um texto lindo, ao mesmo tempo leve. A definição de erro está de mais. E uma visitinha cá a gente não? Já temos saudades suas, já lá vão dois anos. Ai, que saudades, da amiga que ficou e da, utilizando palavras ensinadas, sapiência transmitida. Mulher do Norte é assim uma força da natureza que ainda hoje sinto.

Ana Carvalho Castelo Branco

 
At 09 novembro, 2007 20:52, Blogger Tiago Nené said...

oi carla

http://bloguedasartes.blogspot.com/

juntem-se a esta sociedade de bloggers;)

cresçam connosco!

 
At 10 novembro, 2007 17:07, Blogger Hindy said...

Beijinho hindyado

 
At 24 novembro, 2007 22:57, Anonymous Anónimo said...

Esta Nês é a de Castelo Branco. E eu a pensar que era única, lool

 

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