domingo, dezembro 09, 2007

O Amor


Kahlil Gibran, natural do Líbano, escritor do séc. XIX, viveu pouco para aquilo que poderia ter transmitido. As suas obras estão imbuidas de um misticismo único, de uma clarividência rara. Um escritor de eleição que vos convido a ler. Para Abrir o apetite:




E alguém disse:

Fala-nos do Amor:


- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;

ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.

E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;

ainda que a espada escondida na sua plumagem

vos possa ferir.


E quando vos falar, acreditai nele;

apesar de a sua voz

poder quebrar os vossos sonhos

como o vento norte ao sacudir os jardins.


Porque assim como o vosso amor

vos engrandece, também deve crucificar-vos

E assim como se eleva à vossa altura

e acaricia os ramos mais frágeis

que tremem ao sol,

também penetrará até às raízes

sacudindo o seu apego à terra.


Como braçadas de trigo vos leva.

Malha-vos até ficardes nus.

Passa-vos pelo crivo para vos livrar do joio.

Mói-vos até à brancura.

Amassa-vos até ficardes maleáveis.


Então entrega-vos ao seu fogo,

para poderdes ser

o pão sagrado no festim de Deus.


Tudo isto vos fará o amor,

para poderdes conhecer os segredos

do vosso coração,

e por este conhecimento vos tornardes

o coração da Vida.


Mas, se no vosso medo,

buscais apenas a paz do amor,

o prazer do amor,

então mais vale cobrir a nudez

e sair do campo do amor,

a caminho do mundo sem estações,

onde podereis rir,

mas nunca todos os vossos risos,

e chorar,

mas nunca todas as vossas lágrimas.


O amor só dá de si mesmo,

e só recebe de si mesmo.


O amor não possui

nem quer ser possuído.


Porque o amor basta ao amor.


E não penseis

que podeis guiar o curso do amor;

porque o amor, se vos escolher,

marcará ele o vosso curso.


O amor não tem outro desejo

senão consumar-se.


Mas se amarem e tiverem desejos,

deverão se estes:

Fundir-se e ser um regato corrente

a cantar a sua melodia à noite.


Conhecer a dor da excessiva ternura.

Ser ferido pela própria inteligência do amor,

e sangrar de bom grado e alegremente.


Acordar de manhã com o coração cheio

e agradecer outro dia de amor.


Descansar ao meio dia

e meditar no êxtase do amor.


Voltar a casa ao crepúsculo

e adormecer tendo no coração

uma prece pelo bem amado,

e na boca, um canto de louvor.


Kahlil Gibran

9 Comments:

At 09 dezembro, 2007 23:27, Blogger Duarte said...

Li este poema e fiquei assombrado. É belo, é magnânime, é uma lição de vida. Foi-o para mim! Obrigado pela partilha, igualmente pela subtil visita. É caso para dizer: ficarei atento.

 
At 10 dezembro, 2007 12:44, Blogger deep said...

Já conhecia, mas, mesmo assim, não me canso de o ler. Inspira serenidade...

Votos de boa semana. Bjs

 
At 14 dezembro, 2007 13:53, Blogger Hindy said...

Lindo!

Vou passando aos pouquinhos...

Beijinho hindyado

 
At 15 dezembro, 2007 10:43, Blogger deep said...

Passo para desejar bom fim-de-semana.
Bjs

 
At 18 dezembro, 2007 00:07, Blogger  said...

e entao se leres o livro: o louco...
ate te apagas... mt bom mesmo e o livro o profeta.... senta-te... mt à frente o bacano. curti bués este elogio ao bacano.
abraço
hasta siempre

 
At 18 dezembro, 2007 18:55, Blogger Lu.a said...

LINDO!
Abosultamente LINDO!!!

 
At 20 dezembro, 2007 23:11, Blogger Hindy said...

Estou quase de partida!

Um sorriso hindyado

 
At 21 dezembro, 2007 00:15, Blogger Aprendiz de Viajante said...

Bonito poema...
o amor... é sem dúvida o sentimento mais nobre.

um bjo e bom Natal

 
At 21 dezembro, 2007 19:11, Blogger Alien David Sousa said...

Muito belo. Grande escolha.
Um beijinho

 

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