quinta-feira, novembro 13, 2008

Lembrar...

Prometi-te em vida, lembrar-me de ti sempre… aqui me confesso, aqui reconheço recordar-me do teu sorriso, dos teus ensinamentos, da tua lição de vida, principalmente quando a noite cai. Disse-to inúmeras vezes, adoro o silêncio da noite, escutar a lua, deixar-me abraçar por ela e assimilar os seus conselhos. Um gesto, uma palavra, um local, o cheiro a terra molhada, coisas simples, fazem-me recordar-te no teu auge. Não que o teu auge tenha esmorecido, apenas porque partiste, mas porque te tinha ali para te abraçar, para dar dois dedos de conversa, para discutir assuntos que se perderam em nós. Sentimentos, vivências que guardo, que só nós dois sabemos, que mais ninguém escutou e que coloquei na janela do meu coração que só a ti pertence, que não abro, para a manter, assim, intocável. Ficarias feliz por me puderes ter mais perto de ti, de puderes estar mais tempo contigo, de me abraçar, de me ver subir as escadas ao ritmo alucinante do “que saudades”. Quis a vida tirar-te o sopro mais cedo do que seria desejável, deixando-me no triste luto de não ter ainda conseguido chorar-te. Esta época é-nos particularmente querida, pelo Inverno que chega, pela lareira que se acende, pelo cheiro a terra molhada… O simples, os momentos fugazes que eternizamos continuam presentes… Aquelas palavras, lentamente soletradas, em jeito de despedida, estão gravadas de tal forma que nada as apagará. Palavras sentidas que prendi para não mais as soltar. O beijo frio da despedida, anunciou a ida, mas tatuou-as mais profundamente.
Devo-te o sonho… e porque foste o meu apego à raiz: que a água corra pelo rio, procure o seu destino, que se cruze com as rochas e as vença. E como dizíamos cantando: “se ser é poder, então lutemos…mas não façamos das nossas armas ferramentas de destruição.”

3 Comments:

At 14 novembro, 2008 16:37, Blogger Lu.a said...

Fiquei pasmada com este post! Tá lindo! 0.0

 
At 15 novembro, 2008 19:54, Blogger Ermelinda Silva said...

Tão sobrereal que a despedida na lembrança gera vida e nunca morte!

Bem escrito, demasiadamente sentido, excelentemente partilhado e digo mais, uma linda aguarela apolégita do profundo!

 
At 19 novembro, 2008 22:22, Blogger Su. said...

Doi eu sei... não ha palavras para o descrever, mas faz bem sabes, e este texto em especial está muito bonito... não pares nunca de escrever.

Um grande beijo.

 

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