domingo, fevereiro 17, 2008

Adriana


Adriana caminhava cabisbaixa há umas semanas, mal conseguia apertar os sapatos. Acusou febres altas durante 3 dias consecutivos, na ordem dos 39/40 graus. Tinha uma tosse seca desde há alguns meses. Um dia ligou-me às 2 da manhã, desesperada, chorava, e entre soluços dizia-me: "sinto-me inválida, doem-me as costas, vou ao hospital".

Fiquei alerta, não consegui dormir durante toda a noite. Às 6 da manhã o telemóvel voltava a tocar, era ela, sem que pudesse dizer alguma coisa, Adriana disse: "de acordo com o médico estou com uma virose." Não gostei do diagnóstico, pensei para mim. No dia seguinte, Adriana, não conseguia falar, doia-lhe as costas sempre que tentava falar. Disse-me que iria novamente ao hospital. Esta segunda ida, trouxe outra novidade, de acordo com outro médico, tratava-se de uma alteração de indole nervosa... Diagnósticos tão diferentes... Muda-se o médico, muda-se o diagnóstico. Depois de uma semana em casa e sem melhoras visiveis, foi novamente ao hospital, desta feita, o diagnóstico foi uma "inflamação nos brônquios", medicada, voltou para casa. Os dias passavam e a minha amiga Adriana não melhorava. Enervada dirigi-me a casa dela e obriguei-a a ir a um peneumologista. Contra sua vontade, lá foi. Entramos no consultório médico. Quando o médico lhe perguntou porque estava ali, respondeu: "Olhe doutor, eu só estou aqui porque esta minha amiga me chateou. Não tenho motivo para estar aqui, só vim por descargo de consciência." O médico piscou-me o olho e dirigindo-se a ela: "Estará em fase de negação? Que sintomas tinha?"

Adriana, ganhou fôlego e disse: "Tinha doutor já quase não tenho. Tive febres altas. Ao fim da tarde ainda tenho sempre 37/37,5 de febre; perda de peso, mas isto deve ser dos nervos; tosse seca desde há 2 meses, mas isto deve ser constipação; cansaço." Levantando-se da cadeira, o médico, perguntou: "Tem suores noturnos?". Face a uma resposta positiva, o pneumologista disse:" Creio que se trata de uma tuberculose". Feitos os exames, as dúvidas deixaram de fazer sentido. Adriana, ligou-me ao final de uma tarde triste, não que os sol não brilhasse, mas onde as gaivotas cantavam um canto triste, para me segredar: "Amiga vou ser isolada! Faz os testes." Ouvi o canto triste das gaivotas durante horas, fiz os testes todos: radiografia pulmonar, exame de sangue e saliva. Mal soube o resultado dei-lho a conhecer. Não era o temor de ter sido infectada pela doença que me preocupava, incrivelmente, mas sim o peso que sobre ela se abateria se também eu fosse portadora da doença.

O tratamento de Adriana durará seis meses, está em tratamento há um mês, fez novos exame há uma semana, saberá o resultado destes exames terça-feira. Até lá fico a aguardar ansiosamente.

Adriana, para o caso de me leres: sinto a tua falta, mais do que algum dia pensei sentir, apesar da distância física ser uma constante nas nossas vidas, sinto a tua ausência mais dolorosamente do que antes.

4 Comments:

At 18 fevereiro, 2008 12:01, Anonymous Anónimo said...

As melhoras Adriana! Força!

Bjs pas 2!

 
At 18 fevereiro, 2008 18:24, Blogger Bento said...

As melhoras da tua amiga,
Força
E um grande beijinho para ti, e para ela embora não conhecendo nenhuma e impossível ficar indiferente...

 
At 18 fevereiro, 2008 23:51, Blogger deep said...

As melhoras para a tua amiga e muita força para ti!

:)

 
At 20 fevereiro, 2008 03:07, Blogger Alien David Sousa said...

As melhoras da tua amiga Carla. Mas realmente é incrível que consoante o médico o diagnóstico muda :| Não há palavras. Ainda bem que ela tem uma amiga como que insistiu.
Beijinhos

 

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