quarta-feira, dezembro 03, 2008

Pensar...

Não sou pessoa de acreditar, propriamente, no destino. Prefiro falar em fado, talvez por entender que o vocábulo encerra em si, uma infinidade de sentimentos e vivências tipicamente portuguesas. Ou talvez porque considere o fado uma forma de estar na vida. Não me confessaria uma católica na verdadeira acepção da palavra, creio que, acima de tudo, faço uso de uma filosofia de vida, assente em valores que me foram transmitidos pelos meus pais, outros construídos e ganhos com o tempo. Move-me uma vontade de encerrar a enciclopédia mais abrangente de saberes e conhecimentos possível. Não me quedo ao primeiro obstáculo, mas ainda assim, sou fraca no que diz respeito a lidar com a hipocrisia e falso laxismo. Não consigo conceber, o meu estado de espírito quando me vejo frente a situações menos justas. Há quem diga que estas características são próprias do meu signo. Talvez...mas as constelações também nunca me despertaram grande interesse. O único que conseguiu aproximar-me um pouco mais das constelações, por um prisma, diferente foi Nostradamus. A este propósito não posso deixar de vos convidar a ver o filme, aliado aos tempos modernos sobre tão magnânime figura. Depois há aqueles que dizem que visto a pele da Filosofia, que espelho e rejubilo a área. A ética questiona a justiça, a legitimidade de algumas acções, entre outras, é verdade, e de facto, o espírito crítico acompanha-me para onde quer que vá. Aliás as pessoas que se contentam com a normalidade enervam-me. Não sei o que é isso de ser normal, ou de normalidade. Vejo-os como conceitos, que convidam ao conformismo e o conformismo não faz mover. Serei mais inconformista, por certo, uma mente mais revolucionária do que se deseja. Isto obriga-me a falar em Nietzsche, em Kant, em Schopenhauer. Hoje consigo lê-los de outra forma e quem diz lê-los diz revê-los através de uma outra perspectiva. Ah! como adorei descobrir Irvin Yalom, de quem já falei aqui, adorei "Quando Nietzsche Chorou", "A cura de Schopenhauer", agora adivinha-se "Mentiras no divã" - aqui com certeza uma perspectiva freudiana e um outro recentemente traduzido que virá na prenda de natal. Assim o espero, se falhar compro-o eu... A escrita permite-me sair do emaranhado de mim mesma, ou talvez não, porque no que escrevo espelho-me e quando me leio revejo a torrencial chuva de pensamentos que me assola noite e dia. Já disse, por diversas vezes, que às vezes queria não pensar tanto, mas a verdade é que no tanto que penso encontro respostas que geram novas questões, às quais busco encontrar resposta e isso faz-me sentir suficientemente ansiosa pelo amanhã. Porque os passos mais saborosos são os que construímos e não aqueles que nos são indicados por terceiros...

3 Comments:

At 03 dezembro, 2008 16:23, Blogger Ermelinda Silva said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 03 dezembro, 2008 16:28, Blogger Ermelinda Silva said...

"os passos mais saborosos são aqueles que construímos e não os que são indicados por terceiros".

E quem saboreia tal banquete?

É pela raridade desta atitude que o mundo é tão mesquinho; a maior parte das pessoas não aprenderam a pensar(maria vai com as outras), e hoje muito menos, porque está tudo pronto a consumir!

Um dia alguém, muito sábio nas coisas da Teologia disse-me:" A Filosofia é que te estraga"!

E eu respondi-lhe: "Bendita Filosofia que me conduz por caminhos sinuosos, sim, mas que me levam à Luz"!

Eu creio mas sempre necessitei de tudo explicadinho, tal como os cientistas!

Aceito o Mistério, os Dogmas; também os há na ciência e em qualquer atitude que parta de pressupostos.

Se não, donde virão as nossas palavras? Onde se incarnarão as nossas acções?

Há sempre um passado que temos de ilustrar, criticar(como dizia K.Popper:a ciência é o senso comum ilustrado). Mas olhar para o que acontece com muita lucidez e realismo.

A Terra é aqui; o Céu e o Inferno também.São aquela vida negra que nos fazem secretamente ou que, porventura, façamos aos outros). E o Paraíso é o nosso ideal como meta: o bem-estar, para onde se encaminha a nossa luta de todos os dias que é ser feliz e livre!

Gostei muito do texto e apeteceu-me escrever mais(esta mania de querer fazer segundos artigos tem de acabar. Vá postar para outro sítio!)

Mas não é nada disso: sinto-me atraída pelo seu texto, e falo, falo, falo...

Muita precisão dá cabo da minha paciência; tem de haver alguma espontaneidade e ingenuidade. Digo "tem" como um desejo e um gosto e não como um dever!

Os estilos, as escolhas, a personalidade, as vivências,as atitudes perante a vida são diferentes e não podemos querer fazer o outro à nossa imagem e semelhança!

Parabéns!

 
At 03 dezembro, 2008 22:40, Blogger deep said...

Acho graça às ideias de destino e de fado (ou o fatum dos latinos), mas não acredito neles.
Acredito que somos o resultado daquilo que nos ensinaram - mais por gestos de que por palavras -, das coisas que aprendemos com os próprios erros ou pela curiosidade. Muito do que somos resulta de decisões que tomámos e de oportunidades que vieram ter connosco e que soubemos agarrar.

O Vergílio Ferreira disse que "O importante não é o que fizeram de nós, mas aquilo que fazemos com o que fizeram de nós".

Bjs

 

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