quarta-feira, dezembro 26, 2007

A magia de um momento...

Numa quadra que ainda se quer de magia, continuamos espantados com as muitas noticias que nos assolam. A magia que se crê e se deseja desvanece-se, assim como o soprar ténue que apaga a vela que se acendeu para enfeitar o ambiente. Pede-se paz, alegria e luta-se para que, pelo menos, num dos dias do ano, a esperança não se desvaneça. O coração que exulta por abraçar a familia, compele-se pelas vozes que vociferam a partida de, infelizmente, mais uma pessoa bem amada, que cinco minutos antes falava alegremente ao telefone com um seu amigo. Mais um vítima de um acidente de viação... Mais um episódio triste e revoltante que vem relembrar a prima que ficou paraplégica depois de um acidente de moto, o ano passado por esta altura. Que não sabe quem é, nem reconhece os seus. Não bastasse a tristeza espelhada no rosto da minha família, nos olhos meus, uma outra noticia chega: "sofreu uns ataques esquisitos. Tivemos que a levar para o hospital." Há coisas que não se dizem, mas pensam-se e sentem-se...
Abracem, amem, não tenham temor ou vergonha de mostrar os vossos sentimentos. Afinal, a vida é um momento, que devemos abraçar para viver, sem falsas modéstias!

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Feliz Natal


Que o Natal seja para cada um de nós um novo nascer e para aqueles que, como eu, regressam nesta época para junto da família e verificam que aqueles que amam cresceram e que por circunstâncias da vida perderam instantes marcantes do crescimento dos mais novos, aproveitem esta época para os mimar!
Bem Haja!!!

domingo, dezembro 09, 2007

O Amor


Kahlil Gibran, natural do Líbano, escritor do séc. XIX, viveu pouco para aquilo que poderia ter transmitido. As suas obras estão imbuidas de um misticismo único, de uma clarividência rara. Um escritor de eleição que vos convido a ler. Para Abrir o apetite:




E alguém disse:

Fala-nos do Amor:


- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;

ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.

E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;

ainda que a espada escondida na sua plumagem

vos possa ferir.


E quando vos falar, acreditai nele;

apesar de a sua voz

poder quebrar os vossos sonhos

como o vento norte ao sacudir os jardins.


Porque assim como o vosso amor

vos engrandece, também deve crucificar-vos

E assim como se eleva à vossa altura

e acaricia os ramos mais frágeis

que tremem ao sol,

também penetrará até às raízes

sacudindo o seu apego à terra.


Como braçadas de trigo vos leva.

Malha-vos até ficardes nus.

Passa-vos pelo crivo para vos livrar do joio.

Mói-vos até à brancura.

Amassa-vos até ficardes maleáveis.


Então entrega-vos ao seu fogo,

para poderdes ser

o pão sagrado no festim de Deus.


Tudo isto vos fará o amor,

para poderdes conhecer os segredos

do vosso coração,

e por este conhecimento vos tornardes

o coração da Vida.


Mas, se no vosso medo,

buscais apenas a paz do amor,

o prazer do amor,

então mais vale cobrir a nudez

e sair do campo do amor,

a caminho do mundo sem estações,

onde podereis rir,

mas nunca todos os vossos risos,

e chorar,

mas nunca todas as vossas lágrimas.


O amor só dá de si mesmo,

e só recebe de si mesmo.


O amor não possui

nem quer ser possuído.


Porque o amor basta ao amor.


E não penseis

que podeis guiar o curso do amor;

porque o amor, se vos escolher,

marcará ele o vosso curso.


O amor não tem outro desejo

senão consumar-se.


Mas se amarem e tiverem desejos,

deverão se estes:

Fundir-se e ser um regato corrente

a cantar a sua melodia à noite.


Conhecer a dor da excessiva ternura.

Ser ferido pela própria inteligência do amor,

e sangrar de bom grado e alegremente.


Acordar de manhã com o coração cheio

e agradecer outro dia de amor.


Descansar ao meio dia

e meditar no êxtase do amor.


Voltar a casa ao crepúsculo

e adormecer tendo no coração

uma prece pelo bem amado,

e na boca, um canto de louvor.


Kahlil Gibran

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Quando Nietzsche Chorou

Ávida de saber, amante da boa literatura, apaixonada por Nietzsche. Numa visita à livraria deparei-me com “Quando Nietzsche Chorou”. Num ápice peguei no livro, embevecida pela novidade, traguei a passos largos cada página, cada palavra, uma sofreguidão de felicidade fazia-me estremecer a cada passagem, pese embora a muita descrição presente no mesmo.
Personagens cativantes, imbuídas de verdades inúmeras, misturam-se num livro leve, muito bem redigido e que merece uma leitura atenta. Sigmund Freud, Nietzsche, Breuer, sentem-se com uma intensidade que trespassa o livro. A imaginação solta-se e somos convidados a participar numa viagem pelo mundo interior de cada personagem, a reflectir sobre os pensamentos mais profundos de cada uma delas.
Psique e razão comungam naquilo que se assemelha à loucura sadia tantas vezes incompreendida trazida pelas mãos de mentes brilhantes. Demasiado brilhantes, ouso dizer, para a época em que viveram. Mentes poderosas, de um brilho ofuscante, controversas mas que não temeram despojar o mundo das suas roupagens aparentes!
Locais, imagens, um mundo de cor que se constrói por entre a tortura dos que caminham pensando e nunca se cansam de pensar...
Quando Nietzsche Chorou escrito por Irvin Yalom, decididamente um livro a ler.