quarta-feira, outubro 29, 2008

A felicidade exige valentia.



"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa - 70º aniversário da sua morte

sábado, outubro 25, 2008

...

Saí de casa com rumo fixo. Carregava um semblante pensativo, por certo, pois a dada altura deparei-me com uma voz a dizer: "Então perdida por aqui?". Ergui o olhar e respondi prontamente: "Perdida num emaranhado de pensamentos." Seguiu-se um convite para tomar café, ao qual acedi. Enquanto saboreavamos o café fomos conversando sobre vários assuntos. Não sei muito bem como, mas as conversas por vezes têm destas coisas, dei por mim a escutar, atentamente, as palavras singelas deste homem, que falava com avidez e sofreguidão das suas histórias de vida. Sentia-me a viajar e o cérebro absorvia as imagens criadas pelas palavras que se soltavam. Falava do 25 de Abril de 1974, do que se seguiu a esta data. Era ainda pequeno, quando a Revolução dos Cravos despertou, mas recorda-se "que se vivia intensamente a liberdade, todos falavam nela. A palavra tinha um sabor especial. Toda a gente fazia o que queria, havia alegria, falava-se sobre tudo e sobre nada. Tudo era motivo para celebrar a liberdade. Mas, sabe, no fundo, ninguém sabia muito bem o que era isso da liberdade. Mas não interessava, era uma palavra nova e acho que o encanto lhe bastava. Enquanto não descobrissemos os que isso era gozavamos da palavras liberdade como se ela fosse, de facto, a própria liberdade." Fiquei de tal forma boquiaberta que exultei uma expressão de júbilo, peguei num papel e numa caneta e pedi-lhe que escrevesse o que tinha acabado de dizer. No final, depois de ter pegado naquele pedaço de papel, voltei a dar-lho, não sem antes frisar que queria reler esta frase no seu portefólio reflexivo de aprendizagens. De regresso a casa pensei de mim para mim: São estas experiências de vida que valem a pena validar. Às 20 horas voltei a encontrá-lo, desta vez sentado na condição de "formando". No final da sessão esperou que todos saissem e entregou-nos o seu PRA, dizendo: "agora está completo". Folheei-o e na contra-capa uma frase que me prendeu: "Um livro inacabado é como um tesouro, quanto mais experiências de vida se tem mais se querem ter, quanto mais se sabe menos se pensa saber e eis que hoje um simples gesto me fez despertar para um finalizar por ora...Por ora porque te deixarei aberto para mais te contar."

quarta-feira, outubro 15, 2008

Um ideal?

Há dias assim, dias em que a alma se apresenta dolorosamente cansada pelas várias partidas que a vida nos vai pregando. Dias em que a saudade dos amigos verdadeiros torna, quase insuportável, o aperto no peito, em que o receio de confiarmos naquelas pessoas de sorriso dócil e que nos dão apoio constante nos faz temer... Quero continuar a acreditar que o olhar não mente, que podemos encontrar pessoas que não sejam mesquinhas. Momentos há, em que temo que essas pessoas sejam aquelas que já conheço e que são meus amigos. Temo não encontrar mais ninguém, para além deles, que possa permitir-me ser eu. E quem és tu, perguntar-me-ão? Responder-vos-ei, tão somente, aquilo que sei de mim: "sou alguém que teima em acreditar nas pessoas, talvez porque persiga, incansavelmente, o seu lado bom; que não lida bem com a falsidade e a ausência de princípios morais e éticos; que não consegue ficar indiferente à dor do outro; que por muito que tente, se sente enfurecida sempre que se vê confrontada com situações menos claras e com a falta de educação e respeito; que teima em ser ela mesma, e se perde nos monentos em que tem de vestir a pele do que os outros querem fazer dela." Não, não estou num dia cinzento, estou apenas num momento introspectivo...

sexta-feira, outubro 10, 2008

A anedota em que se transformou o nosso País:

O texto que se segue foi recebido por mail, mas dada a sua pertinência decidi partilhá-lo:
-Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto mas não pode pôr um piercing.
- Um jovem de 18 anos recebe 200 do Estado para não trabalhar;
-um idoso recebe de reforma 236 depois de toda uma vida do trabalho.
-Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco.
-O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.
-Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2 000 habitantes; o Governo diz que não precisa de mais polícias.
-Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa á das causas sociais.
- O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados. No Fórum Montijo a WC da Pizza Hut fica a 100mts e não tem local para lavar mãos.
- O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos).
- Nas prisões são distribuídas gratuitamente seringas por causa do HIV, mas é proibido consumir droga nas prisões!
- No exame final de 12º ano és apanhado a copiar chumbas o ano, o primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa e mandou por fax e é engenheiro.
- Um jovem de 14 mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal. Um jovem de 15 leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga, é violência doméstica!
- Uma família a quem a casa ruiu e não tem dinheiro para comprar outra, o estado não tem dinheiro para fazer uma nova, tem de viver conforme podem. 6 presos que mataram e violaram idosos vivem numa sela de 4 e sem wc privado, não estão a viver condignamente e associação de direitos humanos faz queixa ao tribunal europeu.
- Militares que combateram em África a mando do governo da época na defesa de território nacional não lhes é reconhecido nenhuma causa nem direito de guerra, mas o primeiro-ministro elogia as tropas que estão em defesa da pátria no KOSOVO, AFEGANISTÃO E IRAQUE.
- Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem, não pagas as finanças a tempo e horas passado um dia já estas a pagar juros.
- Fechas a janela da tua varanda e estas a fazer uma obra ilegal, constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.
- Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pões a trabalhar contigo num oficio respeitável, é exploração do trabalho infantil, se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe!
-Numa farmacia pagas 0.50€ por uma seringa que se usa para dar um medicamento a uma criança. Se fosse drogado, não pagava nada!
Obrigada Portugal. Estamos orgulhosos.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Bernardo II

Há dias assim, dias cinzentos, que tornam a alma mais dolorosomente pesada. Acordei, o dia estava cinzento, a chuva fazia temer a saída de casa, o coração estava apertado de receio. O temor, aliado ao temporal que por aqui se abateu eram fracos presságios. Temi ligar à Pi, por isso decidi encurtar caminho e liguei ao Alexandre. A voz com que atendeste o telefonema, não posso esquecer. Transparecias uma felicidade turvada pela dor. Receavas, bem o sei, dar-me a triste noticia, que temia já conhecer. "O Bernardo tem Cancro no fígado". Ouvir estas palavras logo pela manhã não é fácil, mas mai difícil ainda foi ter de esconder as lágrimas, Lu, e fazer-me de forte à medida que te ia escutando. Pesa-me saber-me longe, não te poder abraçar a ti nem à Pi, quando o fizestes por mim, nos momentos duros que passei este ano. Estou longe sim, mas simultaneamente tão perto... Invade-me uma vontade louca, arrebatadora de vos ter aqui, dar-vos o que me destes... Se alguém imaginasse o quanto me foi dolorosa a partida, o quanto sinto a falta dos vosso braços e sábios conselhos...
Estou agastada, faço-me de forte e as forças teimam em desaparecer ao anoitecer, porque a noite é minha conselheira mor e nela revivo momentos ímpares de amizade sincera e confraternização rara. Sinto a vossa dor como fosse minha e ainda assim impotente... Choro amargamente o destino que se traça a passos largos e anseio que Dezembro chegue com o Bernardo a caminhar pelas suas pernas, para que vos consiga dar aquele abraço que tanto mereceis.

sábado, outubro 04, 2008

Vindima


Redordo-me dos meus tempos de meninice, em que nos juntavamos para a apanha da uva. As videiras são altas e por isso tinhamos que subir uns quantos degraus nas escadas de madeira e rezar para que a queda, a acontecer, fosse amortecida pelas ervas, que na altura eram bem menos. Era a vindima, uma altura de trabalho, mas acima de tudo de um convívio salutar. Os lagares aguardavam-nos ao fim do dia. Deitadas as uvas nos lagares em pedra, era hora de saltar lá para dentro e pisá-las. Aí, deixavamo-nos embalar pelo entoar das cantigas antigas dos mais velhos, escutavamos atentamente as hostórias das suas vidas e até altas horas da noite iam as tertúlias. Tertúlias ricas que começam a perder-se.

Hoje sinto-me regressar a esses tempos, é dia de vindima...

Bom fim de semana.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Bernardo...


Hoje, o telemóvel tocou arrebatador... Não sei porquê, mas atendi a chamada sem o mesmo fulgor, parecia adivinhar o que iria ouvir. Do outro lado, uma voz "algarviada" insurgia-se num tom de desânimo, era uma voz apagada pela agrura de mais um acontecimento.

Depois de já teres lutado pela vida duas vezes, não devias ter de estar a fazê-lo novamente meu amigo. É demasiado doloroso saber-te assim, imaginar o sofrimento da tua mãe, minha querida amiga Pi, escutar a voz do teu irmão. Queria estar ai junto de ti, de vós, poder abraçar-vos, ter-vos junto ao meu peito, mimar-vos, tal como fizeram comigo nos momentos em que precisei de uma mãe e de amigos.

Invade-me uma tristeza profunda, um lamento silencioso, uma revolta infindável, uma ira colérica de porquês. Porquê Bernardo? Porquê tu? Porquê tu mais uma vez? Porquê um amigo meu, que tanto amo e estimo, mais uma vez? Luta, meu amigo, luta com garra mais uma vez.

Queria, meus amigos, como queria tudo isto não tivesse passado de mais um pesadelo. Queria conseguir desabafar aqui, neste espaço, a minha dor, deixar-vos uma palavra de esperança e coragem, mas faltam-me as forças. A tristeza impede-me de dizer mais... Não posso estar aí convosco fisicamente, abraçar-vos, mimar-vos, e isso, também me mata e corrói, mas, acreditem o meu coração está convosco SEMPRE.

Amo-vos! Força meus amigos!