Estive a ver atentamente a entrevista do nosso Senhor Primeiro- Ministro José Sócrates. Uma entrevista que revela um despotismo, claramente encoberto, em que tudo tem vindo a melhorar aos olhos deste senhor, o nosso porta-estandarte, que não vê como nós, a pobreza, cada vez maior em que estamos mergulhados. O crescimento que apelida de francamente notório, não se percebe a olho nu, nem nas carteiras dos portugueses. Uma entrevista que se baseia em comparações de um altruísmo que eu não consigo ver, nem perceber. Andamos há três anos consecutivos a ouvir falar num crescimento que não se nota. De acordo com Sócrates, o desemprego tem vindo a baixar, não obstante, o desemprego em camadas licenciadas tem aumentado. Quando o jornalista o questionou relativamente ao aumento do desemprego da mão de obra qualificada, José Sócrates defendeu-se ao abrigo do “o que se conseguiu foi muito; há hoje mão de manobra e temos um crescimento económico que se notaria se não fosse o défice orçamental.”
Sócrates “garante aos portugueses confiança”, de acordo com o próprio, e “não fosse o problema do défice orçamental teríamos crescido 2,5%”. Um discurso que volta que não volta toca sempre nos mesmos assuntos. Palavras fixadas, um discurso oco, vazio de sentido.
“Nada daria mais gosto a um primeiro ministro do que…” sempre as mesmas falas. “Quero recordar-lhe o seguinte”, “as pessoas não pagam mais, há, isso sim mais pessoas a pagar”, andarei eu porventura a sofrer de amnésia súbita constantemente? Ou terei de facto cada vez menos dinheiro para fazer face às minhas despesas?
Apenas dez minutos desta entrevista, que, foi, essencialmente, um monodiálogo socratiano, e comecei a ficar cansada. Uma irritação abate-se sobre mim. As questões que se lhe colocam são rebatidas com um “não desculpe…desculpe mas…as coisas não são assim…não concordo quando diz…as pessoas sabem que estamos a ir no bom caminho…também não podemos permitir que o estado pague juros a mais…”.
O nosso crescimento assenta, de acordo, com Sócrates nas exportações e o crescimento foi global desde há muitos meses. Em que meses? Quais são, efectivamente os dados desta melhoria? “Estamos perante uma mudança estrutural da nossa economia, e tenho de felicitar os produtores de calçado..” Será isto uma forma de tentar acarinhar os trabalhadores por forma a obter mais votos?
Sócrates tem um discurso cansativo, repetitivo, oco de sentido, uma imagem demasiado gasta pelas politicas e elementos que escolheu para fazerem parte da sua equipa. A massa cinzenta do governo é um ponto em branco. Se alguns há, pouco se vê. A fluência e solidez dos seus discursos são inexistentes. Pouco ou nada de novo nos traz nas questões essenciais.
Numa coisa está certo ao utilizar o verbo “dar”, ora atentemos, “quando os professores dão as notas”, de facto, os professores, neste momento dão notas, já quase não avaliam, dão. E amanhã serão estes os nossos primeiros ministros. “Não há futuro sem escola”, isso é verdade senhor primeiro ministro, mas com politicas destas na área da educação, a afirmação mais correcta será esta: não existirá futuro com escola, como esta que está a construir!
Sócrates tenta combater as classes profissionais que eram mais mal vistas na sociedade, como tentativa de aumentar a sua popularidade? Parece-me que esta minha suspeita terá alguma razão de ser, senão vejamos: atacou os médicos, enfermeiros, professores, forças policiais. E onde entram os políticos, presidentes de Câmara, tribunais, juízes? Serão estas algumas das classes sociais onde não importa tocar? Politicas que se sobrepõem umas às outras numa catadupa, tentando dar um sentido e rumo que começa a desvanecer-se mesmo antes de implementados.